Intersecções necessárias: teoria da história, história das mulheres e ensino de história
DOI:
https://doi.org/10.5281/zenodo.14043013Palavras-chave:
Teoria da história, História das mulheres, Ensino de históriaResumo
Este artigo busca fazer uma análise aprofundada das relações existentes entre a teoria da história, história das mulheres e o ensino de história. Para tanto, o texto oferece uma síntese acerca dos paradigmas historiográficos como o positivismo, historicismo e o materialismo histórico, além da escola dos Annales, relacionando como as mulheres foram invisibilizadas por seus discursos e produções. Além disso, relaciona-se tais silenciamentos para além da narrativa histórica, evidenciando uma grande contribuição desses discursos para a criação de currículos que perpetuam a exclusão da história das mulheres, fazendo deste um assunto não presente dos livros didáticos e programas educacionais. A análise proposta busca evidenciar como os discursos historiográficos predominantes contribuíram para a marginalização das experiências femininas, tratando-as como irrelevantes e secundárias, e o impacto disso no ensino de história, resultando em uma perpetuação de uma visão histórica que ignora as diferentes contribuições das mulheres. Neste sentido, este texto faz seus apontamentos e argumentações através de discussões de gênero, voltado para autoras como Joan Scott, Michelle Perrot, Natalie Zemon Davis, entre outras. Além disso, são incorporadas reflexões e discussões envolvendo a teoria da história, com José d’Assunção Barros, e no contexto educacional, para se pensar uma acerca das narrativas na sala de aula e suas relações com a teoria da história, as reflexões com Walter Benjamin são propostas.
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