Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (APAC): uma alternativa para enfrentar a criminalidade e a reincidência penal no Brasil

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5281/zenodo.12024917

Palavras-chave:

Reincidência criminal, Criminalidade, Encarceramento

Resumo

A condução das políticas de controle social nos Estados neoliberais tem recebido forte influência do modelo ‘lei e ordem’, que no Brasil vem acarretando seletivo regime de encarceramento em massa, aumento da criminalidade e da reincidência criminal, em uma espiral considerada insustentável. Nesse contexto, este artigo tem como objetivo identificar alternativas para o enfrentamento da criminalidade e reincidência penal no Brasil. Utilizou-se como metodologia abordagem mista (qualitativa e quantitativa), estudo de caso, e triangulação entre indicadores, recortes teóricos categorizados e resultados de questionários. Os resultados revelam que o atual processo de encarceramento em curso no país não minimiza a reincidência criminal, nem tampouco diminui a criminalidade; em contraposição a esse cenário, o método APAC vem reduzindo a dinâmica de tais indicadores, sendo mais econômico e contribuindo indiretamente para uma paz social mais duradoura ao integrar socialmente o apenado.

Biografia do Autor

Victor Jorge Lugnani Chamorro, Departamento de Policia Rodoviária Federal/Policial

Possui graduação em Ciências Sociais - Sociologia pela Universidade Federal do Acre (2000) e graduação em Direito pela Faculdade Barão do Rio Branco (2007). Especializações lato sensu em Tratamento Penal e Gestão Prisional - UFPR (2003) e Segurança Pública - PUCRS (2007). É Mestre em Política Pública e Desenvolvimento - UNILA (Universidade Federal da Integração Latino-Americana) (2023). Doutorando do Programa de Pós-Graduação, Stricto Sensu, em Sociedade, Cultura e Fronteiras da Unioeste (Universidade Estadual do Oeste do Paraná). Participou do Curso Superior de Inteligência Estratégica da Escola Superior de Guerra - ESG (2014). Atuações gerenciais em planejamento estratégico e coordenação na Secretaria de Segurança Pública do Acre e planejamento estratégico na coordenação nacional de gestão de inteligência e combate ao crime organizado, da Coordenação-Geral de Inteligência da Polícia Rodoviária Federal. É policial rodoviário federal - do Departamento de Policia Rodoviária Federal. Tem experiência na área de inteligência policial, instrução policial, gestão, planejamento estratégico, produção de conhecimentos, estudos estratégicos e pesquisa. Atuou no Centro Integrado de Operações de Fronteira (CIOF), projeto estratégico do Ministério da Justiça, por meio da Diretoria de Operações Integradas, da Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP), localizado em Foz do Iguaçu/PR. Desenvolve estudos sobre reincidência criminal, policiamento liderado pela inteligência (intelligence led-policing), métodos de tratamento penal, criminologia e interoperabilidade das instituições de defesa social para o enfrentamento da criminalidade.

Gilson Batista de Oliveira, Universidade Federal da Integração Latino-Americana/Professor

Pós-doutorando em Planejamento e Governança Pública, linha de pesquisa em Governança Pública e Desenvolvimento, na Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR (2023 - 2024). Doutor em Desenvolvimento Econômico (UFPR, 2010). Professor da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA), onde atua no Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas e Desenvolvimento (PPGPPD) e no Programa de Pós-Graduação em Economia (PPGE). Líder do Grupo de Pesquisa em Desenvolvimento Regional e Integração Latino-Americana (DRILA - UNILA) e membro do Grupo de Pesquisa Interdisciplinar em Racionalidades, Desenvolvimento e Fronteiras (GIRA - UNILA) e do Grupo de Pesquisa em Gestão Pública e Desenvolvimento (UTFPR) . 

Daniel Teotonio do Nascimento, Universidade Federal da Integração Latino-Americana/Professor

Doutor em Administração pela Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS). Atua como Professor no Centro de Ensino Superior de Foz do Iguaçu (CESUFOZ) e no Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas e Desenvolvimento da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA), onde atua como Admisnistrador. 

Referências

ABDALLA, M. M. A estratégia de triangulação: objetivos, possibilidades, limitações e proximidades com o pragmatismo. Anais do 4º Encontro de Ensino e Pesquisa em Contabilidade, p. 13-31, 2013.

ANDRADE, C. C. et al. O desafio da reintegração social do preso: uma pesquisa em estabelecimentos prisionais. Texto para Discussão do IPEA, nº 2095, 2015. Disponível em <http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/4375/1/td_2095.pdf>. Acesso em 20 maio 2022.

BARATTA, A. Criminologia crítica e crítica do direito penal: introdução à sociologia do direito penal. Revan, 2002.

BARQUERO, A.V. Desenvolvimento endógeno em tempos de globalização. Tradução de Ricardo Brinco – Porto Alegre: Fundação de Economia e Estatística, 2001.

BAUMAN, Z. Globalização: as consequências humanas. Editora Schwarcz-Companhia das Letras, 1999.

BOEIRA, L.S. et al. Síntese de evidências: enfrentando o estigma contra pessoas egressas do sistema prisional e suas famílias. Brasília: Instituto Veredas, 2020.

BOURDIEU, Pierre et al. O poder simbólico. Lisboa: Difel, 1989.

BRASIL. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Reincidência Criminal no Brasil: Relatório de Pesquisa. 2015. Disponível em: <http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=25590>. Acesso em: 11 jun. 2022.

BRASIL. Conselho Nacional de Justiça. Cadastro Nacional de Presos. 2018a. Disponível em:<https://www.cnj.jus.br/wp-content/uploads/2019/08/bnmp.pdf>. Acesso em: 22 jun. 2022.

BRASIL. Conselho Nacional do Ministério Público. Guia de desafios para implementação da APAC / Conselho Nacional do Ministério Público. – Brasília: CNMP, 2018b.

BRASIL. Ministério da Justiça. Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária – Plano Nacional de Política Criminal e Penitenciária (2020-2023). 2019a. Disponível em:<https://www.gov.br/depen/pt-br/composicao/cnpcp/plano_nacional/PNPCP-2020-2023.pdf>. Acesso em: 22 jun. 2022.

BRASIL. Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Reentradas e reinterações infracionais: um olhar sobre os sistemas socioeducativo e prisional brasileiros/ Conselho Nacional de Justiça – Brasília: CNJ, 2019b.

BRASIL. Ministério da Justiça. Departamento Penitenciário Nacional – Estudo Preliminar. A metodologia APAC e a criação de vagas no sistema prisional a partir da implantação de Centros de Reintegração Social. 2019c. Disponível em:<https://www.gov.br/depen/pt-br/canais_atendimento/ouvidoria/EstudoPreliminarAMetodologiaAPACeaCriacaodevagasnoSistemaPrisionalapartirdaImplantacaodeCentrosdeReintegracaoSocialSITE.pdf>. Acesso em: 22 jun. 2022.

BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Projeção da população do Brasil e das Unidades da Federação. 2020. Disponível em:<https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/29431-sintese-de-indicadores-sociais-em-2019-proporcao-de-pobres-cai-para-24-7-e-extrema-pobreza-se-mantem-em-6-5-da-populacao>. Acesso em: 24 jun. 2022.

BRASIL. Ministério da Justiça. Departamento Penitenciário Nacional – Sistema de Informações do Departamento Penitenciário Nacional. 2022a. Disponível em:<https://www.gov.br/depen/pt-br/servicos/sisdepen>. Acesso em: 22 jun. 2022.

BRASIL. Conselho Nacional de Justiça. Sistema Nacional de Mandados de Prisão. 2022b. Disponível em:<https://portalbnmp.cnj.jus.br/#/estatisticas>. Acesso em: 22 jun. 2022.

BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Projeção da população do Brasil e das Unidades da Federação. 2022c. Disponível em:<https://www.ibge.gov.br/apps/populacao/projecao/index.html?utm_source=portal&utm_medium=popclock&utm_campaign=novo_popclock>. Acesso em: 24 jun. 2022.

CAETANO, F. M. et al. Determinantes da cifra oculta do crime no Brasil: uma análise utilizando os dados da PNAD 2009. Estudos Econômicos (São Paulo), v. 50, p. 647-670, 2021.

CARLOMAGNO, M. C.; DA ROCHA, L. C. Como criar e classificar categorias para fazer análise de conteúdo: uma questão metodológica. Revista Eletrônica de Ciência Política, v. 7, n. 1, 2016.

CERQUEIRA, D. Atlas da Violência 2021 / Daniel Cerqueira et al., — São Paulo: FBSP, 2021.

CERQUEIRA, D.; LOBÃO, W. Determinantes da criminalidade: arcabouços teóricos e resultados empíricos. Dados , v. 47, p. 233-269, 2004.

CRESPO, A. P. A; GUROVITZ, E. A pobreza como um fenômeno multidimensional. RAE eletrônica, v. 1, p. 1-12, 2002.

FBAC - Fraternidade Brasileira de Assistência aos Condenados (FBAC). Relatório sobre as APACs. Disponível em: <http://www.fbac.org.br/infoapac/relatoriogeral.php>. Acesso em 29 jun. 2022.

FOUCAULT, M. Vigiar e punir: nascimento da prisão. 20. ed. Petrópolis: Vozes, 1999.

FOUCAULT, M. Segurança, território e população. Tradução: Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 2008.

FOUCAULT, M. A sociedade punitiva: curso no Collège de France (1972-1973). Tradução Ivone C. Benedetti. São Paulo: Editora Martins Fontes, 2015.

FOUCUALT, M. Microfísica do poder. 5ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2017.

GARLAND, D. As contradições da "sociedade punitiva": o caso britânico. Revista de Sociologia e Política, n. 13, p. 59-80, 1999.

GOFFMAN, E. Estigma: notas sobre a manipulação da identidade deteriorada. Rio de Janeiro: Zahar, 1980.

GOFFMAN, E. Manicômios, prisões e conventos. São Paulo: Perspectiva, 1992.

GORDON, J. L.; CASSIOLATO, J. E. O Papel do Estado na Política de Inovação a partir dos seus instrumentos: uma análise do Plano Inova Empresa. Revista de Economia Contemporânea, v. 23, 2019.

LAUERMANN, J. D.; GUAZINA, F. M. N. Para além dos muros institucionais: problematizando os discursos dos egressos do sistema prisional. Barbaroi, p. 178-197, 2013.

LUKOSEVICIUS, A. P. Executar é preciso, planejar não é preciso: proposta de framework para projetos de pesquisa. Administração: Ensino e Pesquisa, v. 19, n. 1, pág. 32-65, 2018.

OLIVEIRA GAMBA, C.; VELOSO, R. C. O Método Apac como Modelo de Humanização do Processo Identitário do Encarcerado. Revista Direito e Justiça: Reflexões Sociojurídicas, v. 20, n. 38, p. 53-76, 2020.

OTTOBONI, M. Ninguém é irrecuperável: APAC: a revolução do sistema penitenciário. São Paulo: Cidade Nova, 1997.

OTTOBONI, M. Vamos matar o criminoso?: método APAC. São Paulo: Paulinas, 2001.

PRADO FILHO, K. Michel Foucault: uma história da governamentalidade. Insular, 2006.

PÚBLICA, Anuário Brasileiro de Segurança. 2021. Disponível em:<https://forumseguranca.org.br/wp-content/uploads/2021/10/anuario-15-completo-v7-251021.pdf>. Acesso em: 24 jun. 2022.

SALLA, F.; GAUTO, M.; ALVAREZ, M. C. A contribuição de David Garland: a sociologia da punição. Tempo social, v. 18, p. 329-350, 2006.

SAPORI, L. F.; SANTOS, R. F.; MAAS, L. W. D. Fatores sociais determinantes da reincidência criminal no Brasil: o caso de Minas Gerais. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 32, n. 94, 2017.

SHECARIA, S. S. Criminologia. São Paulo: RT, 2004.

TEIXEIRA, E. B. A análise de dados na pesquisa científica: importância e desafios em estudos organizacionais. Desenvolvimento em questão, v. 1, n. 2, p. 177-201, 2003.

UNODC. United Nations Office on Drugs and Crime. 2019. Global Study on Homicide: Trends, Contexts, Data (Global Study on Homicide: trends, Contexts, Data, 2011.). United Nations Office on Drugs and Crime, 2019.

VOLPATO, G. L. Método lógico para redação científica. Botucatu: Best Writing, 2011.

WACQUANT, Loïc. As prisões da miséria. Zahar, 2001.

WPB. World Prison Brief, Institute for Crime & Justice Policy Research. World Prison Population List. Thirteenth edition. Helen Fair and Roy Walmsley. 2019. Disponível em:<https://www.prisonstudies.org/sites/default/files/resources/downloads/world_prison_population_list_13th_edition.pdf>. Acesso em: 22 jun. 2022.

YIN, R. K. Estudo de Caso: Planejamento e métodos. Bookman editora, 2015.

Publicado

2024

Como Citar

Chamorro, V. J. L., Oliveira, G. B. de, & Nascimento, D. T. do. (2024). Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (APAC): uma alternativa para enfrentar a criminalidade e a reincidência penal no Brasil. Ets Scientia - Revista Interdisciplinar, 2(2), 25–66. https://doi.org/10.5281/zenodo.12024917

Edição

Seção

Artigos